Como faz em 2010 o jovem blogueiro Gabriel, o titular deste Blog, em 1987 também dava explicações à imprensa, como na carta que enviei ao jornal Estado de Minas, esclarecendo dados da reportagem:
Sr. Diretor,
Retornando do Rio de Janeiro, onde participei do “V Encontro dos Advogados da OAB-RJ”, tomei ciência de notícia publicada em 26/07/87 no “Estado de Minas”, com a manchete “Ministro não aceita critica e agride estudante no Rio”.
Sucintamente, presto alguns esclarecimentos a bem da verdade e em respeito aos leitores desse jornal, que é um legado de Assis Chateaubriand aos mineiros, solicitando seja publicados na íntegra, tendo como chamada a manchete acima citada.
Adendo à pergunta
Durante o “Congresso Bertha Lutz”, na condição de advogado colocava um adendo à pergunta que um companheiro fazia ao Ministro Rafael de Almeida Magalhães (estava a dois metros da mesa dos palestrantes e não tinha condições de fazer comentários em voz baixa como se noticiou).
Sua Exa. exaltou-se solicitando que perguntasse diretamente, então fiz a pergunta que tinha na agenda: Existem, como afirma a imprensa, 6.580 cargos no Ministério da Previdência Social à disposição dos constituintes pró cinco anos de mandato do presidente Sarney?
Lula, deputado constituinte
No Congresso da OAB questionei quatro outros conferencistas e obtive boas respostas e fiz outro adendo quando falava um ex-metalúrgico que delicadamente respondeu. Tratava-se do deputado Luiz Inácio Lula da Silva.
Na sala de imprensa
Na sala de imprensa e depois no auditório Petrônio Portela analisei (a reportagem omitiu) a truculenta resposta do Sr. Ministro ( “É de sua mãe, pergunte a ela: você não entende de Previdência: não aceito agressões; não respondo perguntas que fogem ao tema...”).
“Disse naquela oportunidade: todos os brasileiros, se tivessem oportunidade, perguntariam sobre os 6.580 cargos a S. Exa., mas se perguntarem às mães e não a quem de direito, elas acabariam colocando as genitoras de autoridades na resposta e o Sr. Ministro que se previna”.
Na teoria, até concordo que não entendo de Previdência , participava para aperfeiçoar-me, na prática eu (povo) entendo e sei que não funciona.Ela só é eficaz nos comerciais de televisão, que o diga o Sr. Paulo Gracindo.
Escondendo a verdade
O tema era “Seguridade e Previdência Social na Constituição” mas se perguntasse sobre outro assunto não seria agressão, pois aprendemos na escola que nas democracias os homens públicos dão satisfações ao povo. Somente em regimes autoritários não o fazem, porque não têm argumentos para justificar seus atos e usam de outros artifícios para esconderem a verdade.
Senhor Diretor, a reação do Sr. Ministro assustou vários congressistas, pois ficou tão exaltado que tememos por sua sorte. Imagine: S. Exa. passa mal e por engano é atendido em um Hospital conveniado com a Previdência. A tendência era o seu estado de saúde agravar-se ele não poderia ir a inauguração do novo prédio da Dataprev. Ainda bem que não passou do susto.
Diretas Já
Finalmente, lembro-me que o povo foi as ruas pedir eleições diretas; na época eu presidia um Diretório Acadêmico e a polícia não intimidou nenhum estudante e ouvíamos o “PMDB” hoje no poder, citar a definição do presidente Lincoln com o complemento de kennedy: “ Democracia é um governo do povo, para o povo e pelo povo”.
Portanto, ao questionar sobre os 6.580 cargos simplesmente usei de um Direito Constitucional, ou não estamos em um Estado Democrático.
Assina: José Augusto O. Penna Naves
(*) Fonte: Jornal Cidade de Barbacena, 13/08/1987, que republicou a reportagem do Jornal Estado de Minas.
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