sábado, 11 de setembro de 2010

Eleição e Censura II – 26.07.1987, jornal Estado de Minas denuncia censura a estudante.


Abaixo a reportagem do EM, da qual lembrei-me após conversar com Gabriel Azevedo, que aborda o episódio de cerceamento de liberdade de expressão que ocorreu comigo em 1987:


“Ministro não aceita crítica e agride estudante no Rio”


(*) Redação
Rio – O ministro da Previdência Social, Rafael de Almeida Magalhães não fez por menos: interrompeu as perguntas que lhe eram dirigidas durante debate na Faculdade Cândido Mendes, ontem pela manhã, para levantar-se e em tom exaltado e exigir que um congressista mineiro repetisse o comentário que fizera em voz baixa. Tratava-se de uma indagação sobre os 6.580 cargos oferecidos ao seu ministério, para serem distribuídos entre os políticos que apoiarem mandato de cinco anos para o presidente Sarney.
- São de sua mãe, exclamou o ministro, com dedo em riste na direção do estudante José Augusto Naves, da Faculdade de Barbacena, em Minas Gerais. “Eu não vim aqui para ser agredido pessoalmente, continuou Rafael de Almeida, dizendo que “a ignorância do estudante não lhe permitia compreender os valores da Constituinte”.
Só mais tarde, quando as perguntas começaram a ser respondidas, Rafael se desculpou pela atitude ríspida, justificando que o seu temperamento não lhe permitia levar desaforos para casa. O estudante respondeu lembrando que o ministro da previdência é “lacerdista”. Disse que por isso entendia a sua reação. O ex- governador Carlos Lacerda deve ter se mexido no túmulo.” completou José Naves.
Para defender a Previdência Social dos ataques de fraude e funcionários ociosos, o titular da pasta aproveitou a oportunidade surgida no congresso, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil, para informar que 5 por cento de sua receita com pagamento de seus 198 mil servidores, a maioria deles concentrados nos 762 postos de saúde e 61 hospitais do Inamps, no Rio.
Desses funcionários, apenas 6,2 mil possuem cargos de chefia e o salário médio dos servidores é em torno de três salários mínimos. Rafael disse ainda que a recuperação da economia, a partir do primeiro plano Cruzado, permitiu um saldo de caixa este ano no valor de Cz$ 100 bilhões e uma receita anual de US$ 16 bilhões (Cz$ 944 bilhões).


(*) Fonte: publicação do Jornal Estado de Minas, de 26/07/87

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