domingo, 1 de agosto de 2010

Adeus a um contador de causos




Através dos jornalistas Odair Ferreira e Darcy Emidio, as rádios Correio da Serra Globo Barbacena, me solicitaram um depoimento sobre o Dr. Oswaldo Fortini Filho, em razão do seu falecimento e aqui complemento as minhas palavras:
De imediato lembrei-me dos tempos de criança e adolescente quando o Dr. Oswaldinho, médico ortopedista da antiga Maternidade, atendeu praticamente todos da minha geração, quando nossos pais nos levavam para o hospital após quedas de bicicleta, de escadas e tantas outras. O Dr. Fortini foi também médico do 9º BPM, e não foi surpresa para os que acompanharam seu féretro até o Cemitério da Boa Morte, quando lá a banda de música daquela corporação lhe prestou uma emocionante e merecida homenagem musical.

Ainda jovem, sempre eu ouvia de meus pais, Dallila e Arnaldo, que pelo longo período em que ele dirigiu a Maternidade não existia o SUS, mas os mais necessitados que não tinham a então conhecida carteira do INPS eram atendidos, sobretudo em razão da sua formação humanística e devoção católica, convicções que foram ratificadas pelos padres que co-celebraram a missa de corpo presente.

Sempre acompanhado da esposa, D. Loretinha, foi um empresário pioneiro com as agências de turismo e dos correios terceirizados da cidade. Probo e respeitado, mesmo sem nunca ter militado politicamente, no passado foi convocado por amigos a concorrer ao cargo de prefeito, mas não foi preciso que ele ocupasse um cargo eletivo para pudesse servir à Barbacena. Com seu empreendedorismo de fato ele fez muito por sua terra.
Mesmo não sendo íntimo dele, sei que todos sabem que o Dr. Oswaldinho prezava as amizades. Para embasar este fato resgatei em meus arquivos um depoimento dado por ele 1996, sobre a minha pessoa: “...gostaria de dizer que meus pais foram amigos de seus avós paternos. Os pais de minha esposa, amigos de seus avós maternos... daí os laços de amizade entre nossas famílias que estão passado de geração a geração. José Augusto é sobretudo inteligente e idealista...”

Estas palavras vindas dele sempre me emocionaram profundamente pois sempre fui um grande admirador de sua presença conciliadora e amável. Além disso era um “bom papo” e diariamente da janela de sua casa, com o seu peculiar gesto com as mãos, chamava os amigos que passavam pela Rua XV para contar casos e causos, quando ali satirizava a vida e a própria morte.

Não sei se é realidade, mas ele me contou que já tinha encomendado e testado o seu próprio caixão, pois como era muito gordo temia não encontrar um com o “número dele” quando morresse, fato que dizia ter ocorrido com um tio. E concluía: “que vexame os amigos dizendo que não poderiam velar o Dr. Fortini por ele não caber no caixão.”E ao falar isso dava uma gostosa gargalhada...

Quem o conheceu sabe que este era o sempre alegre e divertido Dr. Oswaldinho, homem de caráter que deixa exemplos e saudades para familiares e amigos.
Barbacena fica agora um pouco mais triste sem ele.

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